O que é o ENEPe?
37º ENEPe- Encontro Nacional dos Estudantes de Pedagogia15 a 22 de Julho de 2017UPE - Petrolina
O Encontro Nacional de Estudantes de Pedagogia (ENEPe), organizado anualmente há mais de 30 anos, é um evento de caráter científico, político e cultural da maior importância para o Movimento Estudantil de Pedagogia (MEPe).
Ao longo dos anos, os encontros têm debatido temas centrais acerca dos desafios da educação pública brasileira, proporcionando as trocas de experiências de estudantes das mais variadas regiões do nosso país, e impulsionando a organização estudantil em diversas lutas em defesa da educação pública, gratuita, democrática e vinculada aos interesses das classes populares. O evento é aberto a todos(as) os(as) interessados(as) na temática de discussão.
TEMA DO 37º ENEPe: Contra as políticas imperialistas do Banco Mundial para o ensino público no Brasil e a formação do pedagogo
As duas principais cidades do Vale do Médio São Francisco: Petrolina (PE) e Juazeiro (BA) estão separadas pelo rio, mas unidas pela sua gente valente e lutadora. Essa região é um dos povoamentos centrais e mais antigos do sertão nordestino. Passaram por ali o povo de Antônio Conselheiro, os cangaceiros de Lampião, os guerreiros de Pau-de-Colher, os romeiros de Padre Cícero e a invicta Coluna Prestes.
Terra de um povo que luta, que sofre com o latifúndio, mas que principalmente resite! Um povo que briga em defesa do seu torrão com a força daquele que morre por sua pátria, como dissera Euclides da Cunha, em Os Sertões, "o sertanejo é a rocha viva de nossa nacionalidade". Uma terra de riquíssima cultura: do forró de pé serra ao samba de velho; de uma culinária tradicional, da carne de bode, do queijo coalho, do mel de uruçu. Terra de muita história, de muita luta, de muita coisa a nos ensinar.
Terra de professoras valentes, de mulheres que enfrentam, muitas vezes mais do que os homens, as arguras das secas. Cada escola no sertão nordestino é a resistência de uma comunidade, é a luta de uma professora na defesa de seus alunos. A estrutura é precária e falta de tudo, menos amor e dedicação àquelas crianças. Essas professoras, como muitas outras em todo o Brasil, são verdadeiras militantes do ensino público. Evidente que esse Estado reacionário, que ainda se encontra de pé, não dá as mínimas condições para que as crianças desenvolvam seus conhecimentos e seu espírito crítico. Apesar disso, as crianças do sertão seguem aprendendo e avançando, tanto que no último Siape (Sistema de Avaliação em Pernambuco) as escolas do campo, no quesito alfabetização, obtiveram melhores resultados do que as das grandes cidades.
No entanto, é nesses interiores onde a formação das pedagogas é mais precarizada. A maioria dessas professoras se forma em faculdades particulares, na modalidade do Ensino à Distância. Em geral, são excelentes profissionais, com muita experiência em sala de aula, com grande vontade de aprofundar seus conhecimentos, mas que cursam faculdades onde não há incentivo ao estudo, onde os trabalhos das disciplinas sequer são corrigidos, as aulas são meras formalidades e as apostilas de péssima qualidade.
Levar o ENEPe para o interior, para o Sertão, propiciará incluir nas dicussões do MEPe a problemática das faculdades particulares e do ensino à distância. Isso fortalecerá nossa luta contra as políticas do Banco Mundial para a educação. Será a carranca do São Francisco contra o carrancudo do Temer!